quinta-feira, 31 de março de 2011

Clube Social.

Apesar de ser gordo... esse post não é sobre comida e muito menos sobre o Biscoito (vejam bem, paulistas, BISCOITO) Clube Social .

     Pois é amigos. Esse post vai relatar minha experiência em um clube particular da minha cidade. O SEF. Sociedade Esportiva Friburguense. Ou qualquer bosta dessa. Clube esse que é uma porcaria mas que, na época, era um lugar família.

     Meu nobre pai gostava de curtir uma piscina aos finais de semana com a família. Vindo de subúrbio carioca, era de costume dele ir à praia ou clube com intuito de escapar do calor escrotizante do Rio de Janeiro.

     Infelizmente papai não deu sorte com seu filho, Daniel. Esse era, desde criança, uma pessoa gorda, branca e nerd.

     Pois bem, mudamos pra Friburgo e, num tédio mortal, meu pai resolveu nos inscrever como sócios do único clube da cidade. Fomos felizes e contentes para lá e já saímos com carteirinha com direito a foto 3x4, tipo sanguíneo e outras informações inúteis.

     Para aproveitar o máximo do tempo de sócio, logo no dia seguinte já fomos ao clube para estrear a nossa farofada de turista. Lembro-me bem que era um Sábado ensolarado, com pessoas bonitas e bronzeadas na beira da piscina. Chegamos e armamos quatro cadeiras de praia (primeiro erro), estendemos toalhas ao chão (segundo erro) e começamos a nos despir (terceiro erro). Certamente meus pais tinham roupas adequadas para a ocasião. Minha mãe um maiô, meu pai uma sunga padrão e minha avó um maiô da década de 30 que mais parecia uma roupa de mergulhador. Porém eu, gordo, branco e nerd, tinha algo que era um tanto... errado.

     Não costumava a frequentar piscinas e com isso, não tinha qualquer experiência com o ato. Quando meu pai anunciou que iriamos ao clube, tratei de pegar a sunga mais legal que tinha. Pra falar a verdade, a única que tinha. Era uma azul (há controvérsias sobre a cor) bem comum mas tinha um pequeno problema. Eu tinha essa sunga da época que era magro, quase de quando eu tinha meus, ahn... sei lá! Quatro anos.

     Voltando pro clube. Tirei o short e a blusa. Então surgiu aquela sunga bem apertada. Tão apertada que, da minha cintura para baixo, estava sem qualquer tipo de circulação sanguínea. Lógico que nesse momento eu me senti o máximo afinal estavam todos do clube olhando para mim. Deveria ser super-legal ver um garotinho obeso em uma sunga apertada, não é?

     Aproximei da piscina e saltei como um nadador profissional, dando piruetas e mortais antes de bater na água. Era um excelente nadador. Enquanto debaixo d'água, via as pernas das pessoas passando ao meu lado e continuava a nadar prendendo a respiração. Cheguei ao final da piscina e subi a superfície. Novamente as pessoas estavam chocadas com a minha incrível habilidade aquática e só olhavam para mim. Notei que algumas meninas davam risos de leve enquanto suas bochechas ficavam rosadas.

     Aquele dia estava perfeito. Era o maioral do lugar. Por onde passava, as pessoas olhavam e riam. Voltei então ao lado da piscina na qual estavam meus pais, sai da agua e imediatamente minha mãe perguntou:

     - Filho, onde está sua sunga?

     Olho para baixo e vejo que algo estava faltando.
     Chega o Salva-Vidas do lugar e, com a ponta de um lápis, me entrega a sunga.
     Super envergonhado, entrei em estado de choque e sai correndo e chorando em direção ao carro do meu pai.

     Após meses de reclusão social e do meu pai falando que as pessoas estavam rindo porque, na verdade, estavam alcoolizadas, aceitei o convite de irmos de novo ao clube.
     O lugar tinha passado por uma reforma maneira e agora tinha um salão de jogos.
     Chegamos lá e fizemos todo o ritual farofeiro turista possível mas dessa vez eu fui vestido com um mega-short de rapper americano. Aqueles que vão até o calcanhar. Porém o trauma da primeira vez foi tão forte que resolvi descobrir todos as outras formas de atração que tinha no clube. Surpreendentemente a piscina era só um pentelho perto da sala de jogos nova. As máquinas de arcade eram excelentes e lá tive o meu primeiro contato com o Street Fighter EX Plus e vi, também pela primeira vez, a famosa TELA BRANCA DO AKUMA. (Shungokusatsu).

     Apesar dos pesares, o lugar era legal e nada de mais aconteceu por lá. Depois de várias vezes indo lá, o trauma passou e eu voltei a frequentar a piscina com, lógico, algumas vergonhas a mais.

     Bom mesmo foi quando eu estava pra entrar na água e eu vi um moleque rindo e a sua volta uma grande mancha de uma cor que até hoje eu não sei. Ri durante várias horas do moleque que, após o acidente, foi proibido de entrar na piscina.

     Tinha que me vingar de alguma forma, não?

     Pra finalizar, sei que nunca mais fui ou vou a um clube. Hoje prefiro ver os fodidos pegando doenças nos piscinões comunitários e rir da desgraça alheia. Morrão fodidos de plantão!
   
  Sem ofensa... lógico.